Esta coisa de gostar de alguém
“Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e por vezes — em mais casos do que se possa imaginar — existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram — querem — mas quando gostam — e podem gostar muito — há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açúcares. Ou porque sim e não falamos mais nisto. Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: “Nem pensar, leve isso daqui, que me irrita a pele.”
Ora, por vezes o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos. (...) Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil, porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem “Ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho”, nem “Ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada” nem “Ai que não vi a tua chamada não atendida”. Quando se gosta de alguém — mas a sério, que é disto que falamos — não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há SMS que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque não recebi as flores que pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.
Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de impossibilitar o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém — e estou a escrever para os que gostam — vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante do que nós.“
By Fernando Alvim
(ermmmm...ele há textos que nos assentam como uma luva.. assim ao estilo dum abraço apertadinho seguido de um biqueiro nos rins...)
“Esta coisa de gostar de alguém não é para todos e por vezes — em mais casos do que se possa imaginar — existem pessoas que pura e simplesmente não conseguem gostar de ninguém. Esperem lá, não é que não queiram — querem — mas quando gostam — e podem gostar muito — há sempre qualquer coisa que os impede. Ou porque a estrada está cortada para obras de pavimentação. Ou porque sofremos de diabetes e não podemos abusar dos açúcares. Ou porque sim e não falamos mais nisto. Há muita gente que não pode comer crustáceos, verdade? E porquê? Não faço ideia, mas o médico diz que não podemos porque nascemos assim e nós, resignados, ao aproximar-se o empregado de mesa com meio quilo de gambas que faz favor, vamos dizendo: “Nem pensar, leve isso daqui, que me irrita a pele.”
Ora, por vezes o simples facto de gostarmos de alguém pode provocar-nos uma alergia semelhante. E nós, sabendo-o, mandamos para trás quando estávamos mortinhos por ir em frente. Não vamos. (...) Saber quando gostam de nós? Mas com mil raios, isso é o mais fácil, porque quando se gosta de alguém não há desculpas nem “Ai que amanhã não dá porque tenho muito trabalho”, nem “Ai que hoje era bom mas tenho outra coisa combinada” nem “Ai que não vi a tua chamada não atendida”. Quando se gosta de alguém — mas a sério, que é disto que falamos — não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há SMS que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque não recebi as flores que pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.
Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de impossibilitar o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém — e estou a escrever para os que gostam — vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante do que nós.“
By Fernando Alvim
(ermmmm...ele há textos que nos assentam como uma luva.. assim ao estilo dum abraço apertadinho seguido de um biqueiro nos rins...)
-Bem sei que já me estou a esticar de mais nos posts, mas não posso deixar passar este momento tão docinho para me redimir dos meus pecados. Fernando Alvim, se me estás a ouvir, as minhas mais sinceras desculpas pelas palavras amargas e injustas que um dia te proferi, mais não seja mentalmente, algures numa passagem de ano cuja organização era, por assim dizer, miserável. Sei que não é desculpa, mas aquela tua dança tribal ao som do “The Eye of The Tiger” não ajudou, e o momento em que despiste a t-shirt foi como um murro no estômago. Adiante! Está esquecido, afinal és um ursinho carinhoso, com muito pelinho (eu que o diga!) e um enorme coração!
"Costumo dizer que se um dia for rico, gostava de comprar uma casa em frente à Praia da Barra. É possível que nunca a venha ter, é quase certo que nunca venha a ser rico, mas fica a intenção que é isso que agora importa. Mais do que em Nova Iorque ou Praga, eu gostava mesmo era de ter uma casa em frente à praia da barra em Aveiro. Com uma varanda ampla. Com calor lá fora e um dry martini com duas pedras de gelo."
By Fernando Alvim
-Mau! Com esta é que me tramaste! Não é que além de fofinho tens bom gosto? Aquece-me o coração saber que sentes falta da varanda! Vamos acabar com a distância que nos separa! Pega no carro e vamos à barraca do Zé Manel comer uma tripa de queijo, fiambre e ovos moles. Com canela. Se não gostares de canela, se fores alérgico ou assim, não faz mal, eu sopro e sai quase toda! Prometo!
"Costumo dizer que se um dia for rico, gostava de comprar uma casa em frente à Praia da Barra. É possível que nunca a venha ter, é quase certo que nunca venha a ser rico, mas fica a intenção que é isso que agora importa. Mais do que em Nova Iorque ou Praga, eu gostava mesmo era de ter uma casa em frente à praia da barra em Aveiro. Com uma varanda ampla. Com calor lá fora e um dry martini com duas pedras de gelo."
By Fernando Alvim
-Mau! Com esta é que me tramaste! Não é que além de fofinho tens bom gosto? Aquece-me o coração saber que sentes falta da varanda! Vamos acabar com a distância que nos separa! Pega no carro e vamos à barraca do Zé Manel comer uma tripa de queijo, fiambre e ovos moles. Com canela. Se não gostares de canela, se fores alérgico ou assim, não faz mal, eu sopro e sai quase toda! Prometo!
ahh que verdades tao dificeis.. diabetes e o tlm que nao toca.. nao vi.. é smp uma busca de ti propria pl confronto c o facto de poderes gostar de alguem..
ResponderEliminare assuta cm os diabos nao é?
"As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."
ResponderEliminarW. Shakespeare
Apesar de ser tudo muito lindo e os textos muito ricos, apenas venho queixar-me da merda de imagem que puseste. Não são tripas, são rolos de caca com outra caca mais escura ou clara a sair pelas bordas! Má publicidade! Pode ter as suas vantagens...acabam-se as filas e o Zé da Tripa torna-se só NOSSO!!! Aweeeeeee
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